De campanhas publicitárias a grandes eventos corporativos, é cada vez mais comum ver CEOs assumindo o papel de porta-vozes de suas empresas. O que antes era responsabilidade quase exclusiva de porta-vozes institucionais ou da equipe de comunicação, hoje recai diretamente sobre quem ocupa o cargo mais alto da organização.
E isso não acontece por acaso.
O valor da confiança em tempos de excesso de discurso
Vivemos em um cenário em que confiança se tornou um ativo raro. O consumidor, o investidor e até os colaboradores estão atentos a quem realmente está por trás de uma marca. Não basta ouvir de quem comunica: há um desejo crescente de ouvir diretamente de quem decide.
Quando um CEO se coloca à frente da narrativa, transmite propósito, clareza de posicionamento e — talvez o mais importante, mostra que está disposto a se expor na mesma medida em que cobra resultados do time.
Credibilidade, afinal, não se terceiriza.
O poder (e os riscos) de ter o CEO como voz principal
Grandes marcas têm resgatado seus líderes para o centro da narrativa, entendendo que, em um mercado saturado de mensagens genéricas, rostos reais geram conexão. Mas essa estratégia traz riscos.
Ao colocar o CEO como símbolo da marca, a organização se ancora em uma figura única, carregando consigo toda sua história, vulnerabilidades e decisões. Isso exige preparo e, sobretudo, autenticidade.
Funciona quando o líder vive a marca, encarna seus valores e se dispõe a ser transparente. Mas perde força – e pode até comprometer a reputação da empresa – quando se transforma em uma atuação artificial, apenas mais um papel interpretado diante das câmeras.
O equilíbrio entre coragem e verdade
No fundo, a presença do CEO na comunicação é uma equação que envolve coragem e alinhamento. É sobre estar pronto para sustentar publicamente aquilo que se defende nos bastidores.
Não se trata de colocar um rosto em uma campanha para gerar likes ou manchetes, mas de reforçar um pacto de confiança com todos os públicos de interesse.
Num mercado em que discursos sem rosto se perdem na multidão, trazer o CEO para o centro pode ser uma jogada poderosa, mas só se vier acompanhada de verdade.