Em sua coluna para a Folha de S. Paulo, a multiempreendedora Natália Beauty, fundadora do Natalia Beauty Group, trouxe uma provocação que vale para qualquer organização — do pequeno negócio às grandes corporações:
“Sabe o que derruba uma empresa? Não é o funcionário que não sabe fazer, é o que não quer fazer.”
A frase parece simples, mas aponta para um dilema que líderes vivem todos os dias.
Competência técnica não sustenta sozinha
Diplomas, fluência em idiomas e MBAs impressionam em entrevistas. Mas, no cotidiano das empresas, o que realmente sustenta uma equipe não é apenas a habilidade técnica, e sim o caráter: ética, comprometimento e a capacidade de crescer junto.
De nada adianta ter um talento raro que entrega resultados excepcionais, mas que mina o clima organizacional, desrespeita colegas ou age em desacordo com os valores da empresa.
O risco do “gênio tóxico”
O colaborador que sabe muito, mas joga contra o time; o talento que não respeita a cultura; o profissional que só entrega quando convém. Esse perfil pode até trazer ganhos de curto prazo, mas custa caro no longo:
- Enfraquece a confiança entre as pessoas
- Deteriora o ambiente de trabalho
- Afasta os melhores talentos
- Compromete a sustentabilidade dos resultados
Líderes que fecham os olhos a esse comportamento, em nome de metas imediatas, acabam pagando a conta em engajamento, turnover e até reputação.
Liderar é também saber dizer adeus
Como destacou Natália Beauty, liderança exige coragem: a de abrir mão de um talento raro quando ele ameaça a cultura da empresa. Porque manter valores inegociáveis não é só sobre ética — é sobre estratégia.
Empresas que colocam caráter acima de currículo conseguem formar times sólidos, em que a colaboração é autêntica e os resultados são consistentes. Já aquelas que toleram o “gênio tóxico” descobrem cedo ou tarde que nenhum diploma compensa o custo de um ambiente corroído.
O verdadeiro diferencial
No fim, a régua de avaliação não pode ser apenas técnica. Precisa medir também o impacto que cada profissional deixa nos outros e na organização.
Porque o que constrói (ou destrói) uma empresa, no longo prazo, não é o que alguém sabe — é o que escolhe fazer com o que sabe.