A construção de valor sustentável e consistente no longo prazo depende de múltiplos fatores — visão de futuro, capacidade de execução e, principalmente, alinhamento estratégico entre quem lidera a organização e quem investe nela.
Apesar de essencial, esse alinhamento nem sempre acontece na prática. Muitas vezes, há ruídos e lacunas entre a percepção da liderança executiva e as expectativas dos investidores. E esse desalinhamento pode comprometer tanto a estratégia quanto a reputação da empresa.
O risco de visões desalinhadas
Um estudo recente da PwC ilustra bem essa questão. A pesquisa investigou as percepções de CEOs e investidores sobre riscos climáticos e revelou um dado emblemático: os investidores são duas vezes mais propensos do que os CEOs a enxergar riscos climáticos relevantes nos próximos cinco anos.
Essa diferença, à primeira vista restrita à pauta ambiental, na verdade revela algo maior: as leituras sobre risco, inovação e criação de valor podem divergir significativamente — mesmo entre atores que, teoricamente, trabalham pelo mesmo objetivo.
Enquanto muitos investidores esperam ações concretas e mensuráveis diante dos riscos que identificam, parte da liderança executiva ainda enxerga essas ameaças como menos urgentes ou relevantes. O resultado? Decisões estratégicas potencialmente desconectadas das demandas do mercado e da sociedade.
Comunicação: o elo perdido
Esse não é apenas um problema de estratégia, mas sobretudo de comunicação. De diálogo. De escuta ativa.
A boa governança exige que o CEO compreenda não apenas o que pensa o conselho, mas também o que os investidores esperam da empresa — e, mais importante, por que esperam isso.
Da mesma forma, investidores que buscam construir relações mais sólidas e duradouras com as empresas precisam investir em canais de diálogo mais diretos, estruturados e transparentes com as lideranças.
Quando essa troca acontece de maneira consistente, os benefícios são claros:
- Decisões mais alinhadas com as tendências de mercado e os riscos emergentes.
- Estratégias que equilibram performance financeira com responsabilidade socioambiental.
- Fortalecimento da confiança mútua, elemento-chave para a construção de valor no longo prazo.
Alinhamento estratégico como diferencial competitivo
Num ambiente de negócios cada vez mais orientado por múltiplos stakeholders — de acionistas a clientes, passando por reguladores e sociedade civil —, o alinhamento entre liderança executiva e investidores se torna um diferencial competitivo.
Quando as prioridades estratégicas são compartilhadas, os discursos encontram respaldo nas ações, e os resultados geram credibilidade e reputação positiva.
O que esse movimento exige? Mais do que relatórios e apresentações, um compromisso contínuo com o diálogo estratégico.
Porque, no fim das contas, alinhar visão e expectativas não é apenas sobre evitar conflitos — é sobre potencializar o impacto e ampliar o horizonte de valor para todos os envolvidos.